O uso sustentável da terra por meio de Sistemas Agroflorestais (SAFs) que incentiva o plantio de plantas frutíferas e madeireiras consorciado com o babaçu tem incentivado a agroecologia para a agricultura familiar em Lago do Junco, no Maranhão. O novo sistema está sendo introduzido com o apoio da Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (Assema), financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Amazônia.
O projeto foi iniciado em 2017 e propiciou às famílias a assistência técnica e o acesso à mudas de plantas frutíferas e madeireiras para que introduzissem novas culturas em suas áreas. “O projeto trouxe um impacto muito positivo no que se refere ao fortalecimento da agricultura familiar, geração de renda para as famílias e também na questão da preservação ambiental, tendo como base o melhoramento da terra. Este projeto veio aprimorar o trabalho da Assema de fortalecimento da presença das famílias no campo”, observa o coordenador geral da Assema, Raimundo Ermino.
Somente em Lago do Junco, 41 famílias foram beneficiadas com o projeto de SAF´s, proporcionando resultados significativos na vida de trabalhadores e trabalhadoras rurais como a Maria das Dores Vieira Lima, 47 anos, a Dora, da comunidade em São Manuel. Quebradeira de coco babaçu, ela também preside a Associação de Mulheres de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues (AMTR). “A gente já tinha algumas plantações de frutas, mas muito timidamente”, conta Dora, mãe também da pequena Débora de seis anos e do Samuel, de 12 anos.
A família recebeu sementes de abacaxi, banana caju, manga, goiaba e açaí e espécies madeireiras. “Este incentivo deu mais ânimo para nossa família e a gente passou a fazer as coisas com mais carinho”, ressalta.
As tarefas de cuidar do plantio é dividida com o marido José Ermino e os dois filhos mais velhos Jesse Lima da Silva (22 anos) e Galhardo Lima da Silva (18 anos), ambos estudaram em escolas agrícolas na região. “Trabalhar com a família está ligado ao fortalecimento de todo um coletivo”, diz Jesse Lima. O incentivo a projetos como os SAF´s, na avaliação do jovem, ajuda a fortalecer o que as comunidades já desenvolvem. “Além de valorizar a unidade produtiva, vem trazer o uso eficiente desta propriedade”, observa, que atualmente estuda Educação no Campo, no campus da Universidade Federal do Maranhão, na cidade vizinha de Bacabal (UFMA/Bacabal).
A produção atual atende apenas ao consumo próprio da família e é repartido com a vizinhança, mas no futuro, a meta é comercializar o excedente. Dora aponta ainda outra vantagem do projeto. “Além de consumir produtos livres de agrotóxicos, aqui nós preservando a natureza e todo o tipo de vida no meio ambiente. Se todo mundo tivesse esta consciência para produzir desta forma, nosso planeta ia um pouco mais longe”, avalia.