Infraestrutura e novas técnicas incentivam a educação de jovens do campo no MA

Infraestrutura associada a novas técnicas de produção integradas ao sistema agrossilvipastoril tem garantido à juventude do campo uma educação de qualidade, voltada para a valorização dos conhecimentos locais sobre sustentabilidade ambiental.

O Centro Familiar de Formação por Alternância de Ensino Médio e Profissionalizante Manoel Monteiro – CEFFA, localizado na comunidade Pau Santo, no município de Lago do Junco, a cerca de 300 km de São Luís, oferece ensino médio por alternância integrado à educação profissional com formação de técnico em agropecuária.

O CEFFA está desenvolvendo pedagogicamente atividades de piscicultura, manejando uma represa e quatro tanques de criação, um viveiro com capacidade de produção de cerca de 30 mil mudas de plantas e uma estufa para produção de hortaliças. “A escola também foi contemplada com uma unidade de processamento de polpa de frutas, introdução de SAF´s (sistemas agroflorestais) onde foram plantadas cerca de vinte e quatro mil mudas de árvores frutíferas e madeireiras, além de melhorias da estrutura para potencializar outros setores que a escola já possuía como a criação de bovinos, ovinos, suínos e aves”, explica Elcimar Freire, ex-aluno da escola, e responsável técnico pelas atividades.  

As ações são desenvolvidas em parceria com Associação em Áreas de Assentamento no Maranhão (ASSEMA), apoiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, com recursos do Fundo Amazônia. “Todas estas melhorias visam ser trabalhadas como projeto pedagógico com os jovens”, explica o coordenador geral da ASSEMA, Raimundo Ermino Neto.

Os investimentos fazem parte da estratégia da ASSEMA pelo direito à soberania e segurança alimentar e nutricional, que se amplia para mais duas escolas de ensino fundamental por alternância nos municípios de Lago do Junco com a Escola Família Agrícola Antônio Fontenele e em Lago da Pedra com a Escola Família Agrícola de Agostinho Romão da Silva.

Para o técnico agropecuário da escola, Vicente Damascena Filho, o apoio da ASSEMA por meio do Fundo Amazônia deu um salto muito grande na produção e no ensino. “Temos hoje um viveiro com capacidade para 30 mil mudas. Este viveiro era um sonho, porém não era possível dentro das nossas possibilidades ter um igual a este. Não tínhamos como fazer um açude para atender as necessidades da horta. Hoje, temos um reservatório bom e os tanques que já estão com criação de peixes. Então só temos bons frutos deste projeto”, firma o técnico que já foi aluno do CEFFA e hoje cursa o sétimo período de Licenciatura em Educação do Campo, no campus da Universidade Federal do Maranhão na cidade vizinha de Bacabal (UFMA/Bacabal).

Atualmente, a escola tem 154 alunos divididos em quatro turmas e estudando em sistema de alternância, permanecendo um período de 12 dias no local e o restante em suas comunidades. Na escola eles aprendem tanto a parte teórica quanto a prática de produção animal e vegetal. “A escola é minha segunda família já que eu passo boa parte do tempo aqui. É uma forma de consorciar o aprendizado com minha vida profissional. Temos como maior intuito, levar o que aprendemos aqui para nossas casas e aplicar lá”, afirma o jovem Daniel Carvalho Silva, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio. Ele mora em Lagoa Grande, município vizinho.

 O CEFFA iniciou suas atividades em junho de 2006. “O objetivo desta escola é modificar e melhorar a vida do trabalhador e da trabalhadora do campo e dar oportunidade aos jovens que antes não tinham condições de ter educação do campo de qualidade”, explica o diretor da escola, Vanderval Spadetti.

Administrado pela ACEMEP (Associação do Centro Familiar de Formação Por Alternância de Ensino Médio Profissionalizante), o CEFFA atende cerca de 50 comunidades rurais, contemplando filhos e filhas de agricultores familiares de todo o Maranhão, desenvolvendo projetos de apoio aos alunos em 19 municípios, a maioria da região do Médio Mearim. A escola é mantida com recursos dos pais dos alunos, pelo governo estadual que é responsável pelo pagamento dos professores e por entidades financiadoras nacionais e internacionais.

A escola já formou mais de 300 alunos, dos quais 65% estão cursando universidades públicas e outros trabalhando na área agrícola em propriedades de suas famílias. É desta forma que a escola, em parceria com ASSEMA, cumpre seu papel de educar os filhos e filhas de agricultores familiares da região e contribui para o fortalecimento da agricultura familiar, promovendo a agroecologia e a valorização daqueles que vivem e trabalham no meio rural.

O empoderamento das juventudes por meio da educação de qualidade e promoção da agroecologia, está entre os principais objetivos da ASSEMA, instituição que completará 30 anos em 2019. “Todo este trabalho da ASSEMA visa o desenvolvimento da sustentabilidade dessas famílias para que elas possam ter segurança alimentar e ter produtos saudáveis”, ressaltou Raimundo Erminio.

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