O dia é de luta. A celebração é resistência. O 24 de setembro marca o Dia Estadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, uma das ações prioritárias para articular e mobilizar mulheres com temáticas e encaminhamentos condizentes às necessidades de seus territórios. Em diversos municípios maranhenses, quebradeiras de coco se reuniram para debater e reivindicar a execução da Lei do Babaçu Livre, em defesa do livre acesso aos babaçuais e a busca por políticas públicas que garantam melhores condições de trabalho e sobrevivência.
Este ano, o Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Rurais (CMTR), em parceria com a Associação em Área de Assentamento no Estado do Maranhão (ASSEMA), Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais Quebradeiras de Coco Babaçu de São Luís Gonzaga (AMTQC), União das Associações das Escolas Famílias Agrícolas do Maranhão (UAEFAMA) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Peritoró (STTR), realizaram um seminário com o seguinte tema: Agrotóxico no meu quintal, não! Por uma agroecologia rumo ao bem viver. O evento também teve apoio importante da Cooperação Interncional Salve a Floresta e do Fundo Amazônia através da ASSEMA.
Cerca de 68 pessoas, em sua maioria mulheres, marcaram presença no auditório do STTR, em Peritoró (MA). Entoando o hino das quebradeiras, mulheres abriram as atividades apresentando as organizações parceiras. Logo após, Linalva Cunha, Assessora Técnica do CMTR, iniciou a palestra “Agrotóxico no meu quintal, não! Por uma agroecologia rumo ao bem viver”, pontuando os desafios de defesa ao território.
“Hoje estamos “comemorando” o Dia Estadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, nesse 24 de setembro, como um marco de luta política que é pautada todos os dias, que tem consonância com a missão de todas as organizações políticas que fazem essa luta coletiva. Estamos aqui juntas, discutindo o enfrentamento aos agrotóxicos dentro de uma perspectiva do município de Peritoró”, ressaltou Linalva Cunha, Assessora Técnica do CMTR.
A ASSEMA foi uma das associações que marcaram presença. Franciane Rodrigues, que integra a diretoria, falou sobre a importância desse dia e da luta diária pela defesa do território. “Estamos discutindo políticas públicas, discutindo meios da preservação da palmeira e da floresta em pé. Queremos preservação contra o veneno, contra os agrotóxicos. Não podemos ter nossa produção sem o babaçu”, ressaltou Franciane.
Maria Eliane, membro da comissão da Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio), foi a responsável por trazer esclarecimentos às quebradeiras sobre a venda dos produtos extrativistas. “Hoje ainda há muitas extrativistas no estado do Maranhão que não conhecem ainda essa política, mas hoje, cada vez mais, têm pessoas conhecendo, graças aos movimentos sociais”.
Apesar da luta diária, dona Irene Mendes não esconde o orgulho de ser quebradeira de coco, uma profissão que herdou de seus antepassados. “É a profissão que me deu muito orgulho. Criei meus filhos quebrando coco, fazendo carvão, azeite. Não tenho vergonha de dizer que sou quebradeira de coco”, ressaltou Irene Mendes, extrativista.